Reunido com amigos em um botequim qualquer da cidade, pude perceber que sempre resolvemos vários problemas do Brasil. Sentados ali sem perceber e entre um gole e outro, não necessariamente tomando cachaça, as soluções brotam aos montes. Saúde, Educação e Segurança são os temas prediletos. Realmente existem papos nas rodas masculinas em que as mulheres podem não acreditar, mas eles vão além de falar sobre elas, futebol e sobre elas novamente. (Engraçado que geralmente não se fala para os amigos sobre "nossas" mulheres, mas sempre sobre as mulheres dos outros e claro, sobre aquelas que não pertencem a ninguém que possa estar sentado a mesa. Coisas de Homem! Sabe como é, vai entender!) O clima do boteco inspira e conforta, pois é nele que tudo se resolve com conversas homéricas que são travadas podendo até gerar discordâncias e um pouco de emoção, ou melhor muita emoção ao ponto de ter que aparecer o cara do "deixa disso", mas ao final todos se abraçam e pedem para um não ficar chateado com o outro, afirmando não ser nada pessoal. Para Educação isso, para Segurança aquilo, a Saúde também deviam fazer tais mudanças. Engraçado que tudo tem solução e as idéias convergem, assim posso concluir que o país tem solução e é só querer. Atitute e Ação! Estou revoltado com meu chefe (apesar de achar de quem tem chefe é índio, mas afinal o que somos, senão índios que usam paletós e dirigem veículos movidos a petróleo), o Brasil tá uma "M", meu time, o deputado FDP, o Governador FDP, Brasília tá virando o Rio e São Paulo, o trânsito tá só piorando, O Senado não muda, tão acabando com a W3, putz, VLT pra quê, meu vizinho não deixa eu dormir e por aí vai. Seria uma terapia em grupo? - o que me intriga é que nesse momento, todos são verdadeiramente verdadeiros. Porque não ser assim o dia inteiro, em suas condutas rotineiras, tentando fazer o justo e o correto. Já notou como no Boteco não existem corruptos. Todos somos honestos! Ledo engano, amanhã, depois de uma possível ressaca, saímos desse universo paralelo e voltamos ao que chamamos ou acreditamos ser a "vida real". Afinal todos tem de pagar contas e mais contas! Ética, Honestidade, Justiça, respeito ao próximo não pagam minhas contas e tudo isso fica no bar, a espera do próximo encontro, onde todos serão lord ingleses, na busca de uma país fictício, ainda não vivido, ainda não alcançado. De repente me vejo, acordando com a alvorada e penso, como queria viver no Bar, como queria !
Reflexões psicodélicas de um autor injuriado com o fim de coisas tão boas . Número 01.
